A nova Unreal Engine 5 e seu impacto nos games

Desenvolvedores de jogos.
HARDWARE

O ano de 2020 marcará a próxima geração de consoles, com lançamentos previstos para Sony e Microsoft. Com apenas alguns jogos anunciados até agora, uma amostra do potencial desses novos hardwares pôde ser vista nesta demonstração da nova Unreal Engine 5 – rodando no PlayStation 5.

A próxima versão da plataforma para desenvolvimento de games, criada pela Epic Games (mesma empresa por trás do Fortnite), chamou atenção pela qualidade nos gráficos e no som, principalmente na parte de iluminação e interação com objetos do cenário.

Viu o vídeo e ficou interessado em saber como funciona? Continue a leitura que a gente explica tudo sobre essa game engine e o seu impacto para o futuro dos games!

O que é e para que serve uma game engine?

Desenvolver um jogo exige muito trabalho. Mesmo para estúdios grandes, como a Ubisoft, lançar um novo Assassin’s Creed todo ano envolve muito planejamento e extensivas horas de uma equipe de programadores, artistas, roteiristas e atores.

Isso sem falar dos games que são todos desenvolvidos por uma só pessoa. Um exemplo recente é Stardew Valley (um dos títulos comentados no nosso post sobre jogos indie), que demorou quatro anos para ficar pronto.

E se, toda vez que um novo game fosse criado, a programação dos objetos, personagens, itens e a interação com o ambiente precisassem ser desenvolvidos do zero, com certeza esse tempo seria bem maior.

É aí que entra em cena a game engine, ou motor de jogo. Elas são plataformas para converter os arquivos dos artistas envolvidos na parte criativa do game em um formato que seja “jogável”, aliviando a vida dos programadores envolvidos no projeto.

Fazendo uma analogia, é como se os desenvolvedores utilizassem uma caixa de ferramentas própria para “criar jogos”, com vários recursos prontos e que, em alguns casos, não vão exigir linhas de código.

Dessa forma, a equipe de criação de arte pode se concentrar em cenários mais bonitos, objetos mais realistas e personagens cheios de detalhes, sem se preocupar em como os arquivos serão transportados para o ambiente do game em si.

Conhecendo a Unreal Engine

Voltando aos grandes estúdios, é provável que vários deles utilizem suas próprias plataformas de desenvolvimento internas, com várias ferramentas para facilitar o trabalho, mas que acabam não sendo divulgadas para o público.

O grande diferencial da Unreal Engine (UE) é que, além de contar com muitas ferramentas práticas para diversas aplicações (dos videogames ao cinema), ela é disponibilizada publicamente para desenvolvedores, com planos de assinatura variáveis de acordo com os fins comerciais de publicação do game – incluindo versões gratuitas para usuários que não pretendem vender os jogos.

Para ter uma ideia melhor sobre todo o potencial que essa engine consegue entregar, confira este vídeo do canal Cinematography Database, que trabalha com a UE em várias produções de vídeo diferentes:

https://www.youtube.com/watch?v=12BLxzMhSRM

Mas o que há de especial na nova versão dessa plataforma? Para entender o impacto no mercado dos games, é preciso ressaltar que essas atualizações não acontecem com muita frequência.

Para contextualizar, separamos uma linha do tempo com os principais recursos de cada uma das versões da Unreal Engine:

Unreal Engine 1

  • Lançamento: 1998
  • Principais recursos: renderização, detecção de colisões, inteligência artificial, linguagem de script amigável

Unreal Engine 2

  • Lançamento: 2002
  • Principais recursos adicionados: novo código de renderização, física de veículos e suporte para consoles da época (PS2, Xbox, entre outros)

Unreal Engine 3

  • Lançamento: 2005
  • Principais recursos adicionados: efeitos gráficos e suporte para os novos consoles (PS3, Xbox 360 e Wii)

Unreal Engine 4

  • Lançamento: 2014
  • Principais recursos adicionados: suporte para sistemas mobile e foco na diminuição de tempo entre as iterações de cálculo, facilitando o processo de implementação de mudanças e testes nos jogos

Dá para ver que o intervalo entre as versões da UE só foi aumentando com o passar do tempo. O próximo lançamento, o quinto da série, está marcado para 2021 e promete muitos recursos interessantes para os jogos.

Unreal Engine 5: Nanite e Lumen

No vídeo de demonstração, o pessoal da Epic Games destacou duas novas tecnologias que vão fazer parte da nova Unreal Engine 5: Nanite e Lumen.

Trecho da demonstração da Unreal Engine divulgada pela Epic Games.
Imagem das novas tecnologias (Lumen e Nanite) em ação, criando um ambiente com iluminação global e riqueza de detalhes nos objetos (Imagem: Unreal Engine/Reprodução).

Nanite é um recurso que pretende eliminar a necessidade dos artistas reduzirem a qualidade dos objetos criados antes de inseri-los dentro de um game. Essa prática acontece para economizar na carga de processamento do jogo, e precisa ser feita manualmente.

Em termo gerais, se um designer criasse uma estátua de cenário cheia de detalhes e com uma geometria composta por muitos elementos, para que esse objeto fosse carregado dentro do jogo, ele precisaria ter sua qualidade reduzida para não comprometer os limites de memória.

No entanto, a nova tecnologia vai permitir que esses arquivos sejam importados diretamente no motor de jogo, e o trabalho de ajuste de resolução de detalhes vai ser realizado internamente pela engine. Incrível, né?

O segundo recurso anunciado, Lumen, é um sistema de iluminação global, que calcula – em tempo real – o comportamento da luz e como ela deveria refletir nos vários objetos que compõem uma determinada cena, semelhante ao que o ray tracing da Nvidia faz.

Dessa forma, se o personagem de um game estiver dentro de um ambiente fechado, como a caverna do vídeo de demonstração mencionado no início, os efeitos de iluminação percebidos pelo usuário se aproximam muito do que seria visto em uma situação real.

Impacto da Unreal Engine 5 para o futuro dos games

No mercado de desenvolvimento de games, sempre existiu um dilema entre o que o hardware é capaz de fazer e as limitações de programação, que nunca estão na mesma página.

Por causa disso, os designers precisam diminuir a qualidade visual dos elementos, para que seja possível manter uma taxa de quadros aceitável para um gameplay fluido e sem travamentos.

Esse esforço de otimização toma tempo e não contribui, de forma alguma, para a experiência do usuário. Por outro lado, muitas vezes essa tarefa é necessária, já que adicionar texturas, sombras e reflexos deixa o game mais pesado.

Todo mundo já jogou algum título em que os recursos na tela demoravam para carregar completamente, como uma paisagem na estrada que vai se formando à medida que o jogador vai dirigindo por ela. Esse é um exemplo de escolha dos desenvolvedores para aliviar a pressão em cima do hardware.

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PC versus Console

Chegamos a uma das maiores reclamações dos PC gamers, que costumam possuir mais poder de processamento em mãos, mas acabam limitados pela capacidade dos consoles, que são lançados em intervalos de vários anos e são rapidamente ultrapassados pelos computadores de mesa.

A razão para essa limitação é simples: para estúdios de criação de jogos, faz muito mais sentido investir nos consoles, pois existe a garantia de que todos os usuários estarão com as mesmas peças, enquanto as configurações dos PCs variam muito.

Como consequência, os games triple AAA sempre vão ter como alvo os videogames do momento – pelo menos por enquanto.

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Liberdade artística

A Unreal Engine 5 promete dar mais liberdade para os artistas envolvidos nos gráficos dos jogos. Ao trazer algoritmos otimizados para trabalhar com arquivos de imagem muito pesados e cheios de detalhes, elimina-se parte da necessidade da diminuição de qualidade visual comentada anteriormente.

Na prática, isso quer dizer que os desenvolvedores não precisarão perder tempo ajustando a resolução dos elementos, podendo carregá-los diretamente na engine, deixando-a fazer os ajustes na hora do gameplay.

Dessa forma, um jogo lançado para os consoles terá potencial para trazer mais qualidade gráfica com o tempo, com os computadores que estiverem à frente na questão de poder de processamento e puderem trabalhar com mais detalhes.

Neste post, explicamos um pouco sobre a função dos motores de jogo e sua importância para o desenvolvimento dos games modernos, que estão cada vez mais complexos. A nova versão da Unreal Engine promete trazer, mais uma vez, novas possibilidades para designers e criadores de jogos.

Como se trata de algo recente, é provável que ainda leve um tempo até que essas novidades sejam sentidas na prática e cheguem a uma grande quantidade de jogos. Por enquanto, o que resta é apreciar os trailers incríveis dos games que estão para sair até o final de 2020.

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